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sábado, 31 de dezembro de 2011

Little Love, III

  O dia a dia do rapaz:

  Era o primeiro dia de aulas. O despertador tocou acordando-me. Depressa peguei no telemóvel, liguei-o e fui-me vestir. Depois de ter finalmente encontrado a roupa que achei ideal para o primeiro dia de aulas dirigi-me ao telemóvel, seleccionei a opção “escrever mensagem” e escrevi:

Bom dia minha linda (:
Como sabes hoje é o primeiro dia de aulas e sinto-me completamente nervoso pois é o primeiro ano que começo a escola sem ti. Está a ser complicado, sinto-me como se fosse o 1º ano e não conhecesse ninguém. Espero que te sintas melhor que eu.

  Terminada a mensagem, digitei o teu número e enviei-a. Passado pouco tempo recebi a resposta à mensagem. Quando a abri, percebi que também tu estavas como eu e senti-me culpado por te fazer sentir insegura, por isso decidi ligar-te e falar contigo até chegar à escola.
  Ao ouvir a tua voz ainda sonolenta esbocei na cara um sorriso super excitado. Óh, como sentia falta da tua doce voz.
  Cheguei à escola pouco tempo depois de começarmos a falar. Senti-me super em baixo. Só queria que aquela chamada durasse o resto do dia. Entrei na sala de aula desmotivado, sem vontade nenhuma de me apresentar aos novos colegas que nunca antes tinha visto. Achei impressionante que durante o resto do dia a tua voz se tenha mantido na minha mente como uma linda melodia.
  Na semana seguinte quando acordei não senti necessidade de te mandar mensagem, comecei a acreditar que já não sentia tanto a tua falta como no primeiro dia de aulas, que não valia de nada mandar mensagem para ter sempre a mesma conversa contigo. Apesar da mensagem que me mandaste que demonstrava a tua preocupação, não quis responder-te tendo-me sido muito difícil aguentar a tentação, por isso decidi desligar o telemóvel. Só nessa mesma tarde compreendi que tinha sido um estúpido por te ter deixado preocupada, que tu não merecias isso da minha parte.
  Sabes, arrependo-me de te ter deixado sem resposta, mas agora, passado um mês desde esse dia, o último dia em que falámos, percebo que não sentes a minha falta pois não te importaste comigo desde aí, enquanto eu ando pior que estragado a lamentar-me pelas ruas dizendo que fui uma besta e que sou um otário por te ter deixado partir sem realmente ter a certeza se os teus sentimentos correspondiam ou não aos meus.



"(...) enquanto eu ando pior que estragado (...)"

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Little Love, II

  O dia a dia da rapariga: 

  Começou novamente a escola. Ainda não me encontro pronta para enfrentar um novo ano sem mais de metade das pessoas que mais gosto. Sinto-me fraca e vazia pois é complicado não te encontrar a meu lado sempre que necessite. Tudo o que me dizias era que nada iria mudar, que estarias sempre comigo de cada vez que te chamasse, que teria a tua ajuda a 100%, que continuaríamos a ser os melhores amigos acima de tudo. Foi a incerteza na tua voz, o medo de não estares certo daquilo que dizias que fez com que o meu medo também aumentasse.
  Entrei na escola. Até ao momento tudo parecia estar bem. Durante todo o dia não pensei mais na nossa última conversa. 
  Num dos dias da semana seguinte de manhã, quando liguei o telemóvel, reparei que não tinha a tua diária mensagem de “bom dia” que sempre me mandavas. Fiquei irrequieta, preocupada, e por isso mandei-te eu mensagem. 
  Não respondeste.
  Comecei a ficar seriamente preocupada, com medo que algo te tivesse acontecido. Liguei-te e o teu telemóvel estava desligado. Decidi vestir-me e preparar-me para outro dia de escola, mas desta vez certamente que não seria tão animado…
  - Que se passa contigo? – perguntaram-me.
  - Não se passa nada, porque perguntas?
  - Porque pergunto? Já reparaste bem na tua cara , nas tuas atitudes de hoje?
  - Que queres dizer com isso? Eu estou normal, sim? Vê se paras de me chatear e deixa-me sossegada!
  Dito isto, a pessoa foi-se embora. Mal vi que estava sozinha, olhei para o telemóvel, para a imagem de fundo que tinha. Como é óbvio tinha uma imagem nossa, os dois abraçados a rir.
  Tocou para entrar. Ainda me demorei um pouco a olhar para a imagem, sem reacção. Entrei na sala. Tudo tinha mudado do dia para a noite, e eu, sem me dar conta, deixei-te partir sem realmente dizer-te que te queria comigo para sempre.


"(...) tinha uma imagem nossa, os dois abraçados a rir."

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Little Love, I

  Era uma vez um rapaz e uma rapariga, ambos mais ou menos da mesma idade. Estes já se conheciam há anos pois os seus pais eram grandes amigos. Na altura eram ambos indiferentes um para o outro, eram crianças, não pensavam em nada mais a não ser brincar com pessoas do mesmo sexo que eles. Já não se falavam há algum tempo quando entraram no 1º ciclo. Ficaram ambos admirados quando ele entrou na sala e se deparou com ela sentada numa cadeira. E é aí que começa a verdadeira história destes dois amigos.
  - Olá – disse ele – Tu não és aquela rapariga que mora perto da minha antiga casa?
  - Olá. Sim sou, pensei que não me fosses reconhecer, já não falamos há taaaantoooo tempo!
  - Sim é verdade. Quando os meus papás decidiram mudar de casa nunca mais combinaram nada com os teus…
  - Pois, não é que nós fossemos assim grandes amigos mas… Porque não te sentas ao meu lado e assim podemos conversar enquanto a professora ainda não chega?
  - Claro, porque não?
  O rapaz puxou rapidamente a cadeira e sentou-se ao lado da sua amiga. Quando a professora chegou, a conversa terminou, ficando assim um grande e ensurdecedor silêncio entre estes. Todos os dias durante o intervalo ele ia jogar à bola e ela ficava a jogar à macaca entre outros jogos de menina. Quando estava quase a tocar para a entrada, ambos iam ter um com o outro e comiam juntos o lanche que as suas mães lhes preparavam para levar.
  Passaram os 4 anos do 1º ciclo. A turma toda sentia-se triste pois a amizade que se tinha criado era forte e custava que se fossem separar. A rapariga e o rapaz, entre lágrimas e soluços despediram-se com um forte abraço. No dia em que se conheceram, olharam um para o outro com um olhar desconfiado e neutro, um olhar de indiferença. Não queriam ser nada mais do que conhecidos, e agora enquanto se encontravam perdidos num abraço que parecia não ter fim, mostraram o seu arrependimento por terem pensado tal coisa como não serem amigos. Agora achavam patético terem pensado tal coisa, terem-se ignorado um ao outro quando o que estava destinado era que fossem super íntimos. Finalmente largaram-se para poderem despedir-se dos restantes colegas, mas antes que alguém se mete-se entre eles, deitaram um último olhar um ao outro e ambos prometeram a si mesmos que apesar da distância iriam gostar um do outro da mesma maneira e que não iriam esquecer nada do que disseram, nada do que partilharam.

"(...) entre lágrimas e soluços despediram-se com um forte abraço."

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Complicado? Não, é mais que isso.

  Há semanas que penso nisto, e até agora nenhuma coragem encontrei para te contar, por isso escrevo este género de carta para uma personagem inventada apenas para me sentir com menos receio quando me dirigir a ti sabendo que não irás perceber que é de ti que falo.


Querido Gabriel,

  Sabes o que mais me custa? É saber que fui parva em não te aceitar. Agora tens outra paixão, outra rapariga que é dona do teu desejo puro e apaixonado. Já sei como te sentias rejeitado, já sei porque não eras capaz de encontrar coragem suficiente para me contares o que sentias. É complicado quando se deseja o toque de alguém que não nos deseja a nós. Quando se deseja as suas carícias, a sua voz a sussurrar-nos ao ouvido a doce palavra “quero-te”, quando se deseja o seu beijo. Desejar tudo sem se sentir nada mais a não ser o desejo. Nada de amor e de sentimentos que nos fazem chorar dia e noite. Apenas desejo.
  Se é estúpido? Não.
  Se estou a confundir com amor? Não, apenas sinto uma necessidade de te sentir que me mata por dentro.
  As saudades começam a crescer incontrolavelmente dentro de mim. Sinto mais vontade de te entregar todo o meu afecto do que receber. Quero que te sintas desejado tanto quanto eu me senti, e quando for a altura certa, irás entender tudo sem eu nada ter de te dizer.


"(...) a sua voz a sussurrar-nos ao ouvido a doce palavra "quero-te" (...)"


Com amor,
Marta.