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terça-feira, 1 de maio de 2012

Little Love, VIII


  Chegara à praia. Apesar de exausto tinha um grande sorriso estampado na cara. Finalmente ia vê-la. Passado tanto tempo ia vê-la.
  Dirigiu-se para o ponto mais alto daquela zona. De lá veria tudo. “Dali consigo vê-la, de certeza”. Só esperava que Joana não lhe tivesse mentido. Trepou o monte. Olhou em seu redor até que viu uma rapariga, sozinha, sentada na areia. “É ela! Óh meu deus, é ELA!”. Desceu o monte a correr acabando por cair no fim. Ficou com a t-shirt suja e os braços e a cara com alguns arranhões, mas mesmo assim conseguiu levantar-se e voltar a correr.
  Estava a chegar ao início do areal quando vê um rapaz dirigir-se para ela. Parou. Decidiu ficar ali a ver o que acontecia.
...

  Estava sozinha. Guilherme tinha ido à casa de banho do café lavar as mãos pois alguns minutos antes eles haviam estado a atirar areia um ao outro. Ela não fora pois gostava de sentir a areia nas suas mãos.
  Durante toda a ausência de Guilherme, ela não conseguia esquecer a maneira de como ele olhava para ela, de como metera a mão em redor da sua cintura. Ela conseguira ver o esforço que ele fizera para não a beijar quando ela se deitou em cima dele para que ele se rendesse na sua batalha de areia. Sentia-se feliz por ele não a ter beijado pois ela não saberia a sua própria reação.
  - Então, em que estás a pensar? – Guilherme chegara e sentara-se a seu lado.
  - Em nada de especial.
  - Sabes, não tens de te conter, podes contar-me o que quiseres. Sei que nos conhecemos esta manhã, mas podes confiar em mim, a sério.
  - Bem, estava a pensar que… Que eu sou a grande vencedora da batalha de areia. – Sorriu. Adorava provoca-lo.
  - Ahah, sabes bem que eu teria ganho, tu é que te deitaste em cima de mim, e por seres uma baleia eu perdi as forças.
  - Uma baleia?  - Agarrou num monte de areia e atirou-lhe.
  - Óh, tu é que pediste, agora não te arrependas!
  E começou novamente a guerra. Só se via areia a voar.
  Ele observava-os com atenção. O sorriso que tinha na cara começava a desaparecer.
  Guilherme pegou nela e atirou-a para a água. Ela puxou-o. Ambos estavam molhados e a rir. Guilherme fez uma festa na face dela. Com as duas mãos puxou-a para mais perto. Estavam tão perto que conseguia ouvi-la respirar. Bastava que algum se aproximasse um pouco para que se beijassem.
  “Será que devo beijá-lo? Não será um erro?”. Ela não sabia que fazer. Estava confusa quanto à decisão que devia de tomar. Ela sabia que ele estava à espera que ela o beijasse pois se ela não o fizesse ele também não o faria. Seria ela a fazê-lo então. Chegando-se um pouco para a frente beijou-o. O que sentiu não foi arrependimento, foi felicidade, proteção. Guilherme envolveu-a nos seus braços.
  E ele, que ainda tinha uma réstia de esperança, esta acabou por se desvanecer. Ela esquecera-o. Chegara tarde demais. Ela já tinha um novo rapaz na sua vida. Voltou-se para se ir embora. Olhou uma última vez para eles. Correu-lhe uma lágrima pela face. E então, foi embora.

"Chegando-se um pouco para a frente beijou-o."