Chegara à praia.
Apesar de exausto tinha um grande sorriso estampado na cara. Finalmente ia
vê-la. Passado tanto tempo ia vê-la.
Dirigiu-se para o
ponto mais alto daquela zona. De lá veria tudo. “Dali consigo vê-la, de
certeza”. Só esperava que Joana não lhe tivesse mentido. Trepou o monte. Olhou
em seu redor até que viu uma rapariga, sozinha, sentada na areia. “É ela! Óh
meu deus, é ELA!”. Desceu o monte a correr acabando por cair no fim. Ficou com
a t-shirt suja e os braços e a cara com alguns arranhões, mas mesmo assim
conseguiu levantar-se e voltar a correr.
Estava a chegar
ao início do areal quando vê um rapaz dirigir-se para ela. Parou. Decidiu ficar
ali a ver o que acontecia.
...
Estava sozinha.
Guilherme tinha ido à casa de banho do café lavar as mãos pois alguns minutos
antes eles haviam estado a atirar areia um ao outro. Ela não fora pois gostava
de sentir a areia nas suas mãos.
Durante toda a
ausência de Guilherme, ela não conseguia esquecer a maneira de como ele olhava
para ela, de como metera a mão em redor da sua cintura. Ela conseguira ver o
esforço que ele fizera para não a beijar quando ela se deitou em cima dele para
que ele se rendesse na sua batalha de areia. Sentia-se feliz por ele não a ter
beijado pois ela não saberia a sua própria reação.
- Então, em que
estás a pensar? – Guilherme chegara e sentara-se a seu lado.
- Em nada de
especial.
- Sabes, não tens
de te conter, podes contar-me o que quiseres. Sei que nos conhecemos esta
manhã, mas podes confiar em mim, a sério.
- Bem, estava a
pensar que… Que eu sou a grande vencedora da batalha de areia. – Sorriu.
Adorava provoca-lo.
- Ahah, sabes bem
que eu teria ganho, tu é que te deitaste em cima de mim, e por seres uma baleia
eu perdi as forças.
- Uma
baleia? - Agarrou num monte de areia e
atirou-lhe.
- Óh, tu é que
pediste, agora não te arrependas!
E começou
novamente a guerra. Só se via areia a voar.
Ele observava-os
com atenção. O sorriso que tinha na cara começava a desaparecer.
Guilherme pegou
nela e atirou-a para a água. Ela puxou-o. Ambos estavam molhados e a rir.
Guilherme fez uma festa na face dela. Com as duas mãos puxou-a para mais perto.
Estavam tão perto que conseguia ouvi-la respirar. Bastava que algum se
aproximasse um pouco para que se beijassem.
“Será que devo
beijá-lo? Não será um erro?”. Ela não sabia que fazer. Estava confusa quanto à
decisão que devia de tomar. Ela sabia que ele estava à espera que ela o
beijasse pois se ela não o fizesse ele também não o faria. Seria ela a fazê-lo
então. Chegando-se um pouco para a frente beijou-o. O que sentiu não foi
arrependimento, foi felicidade, proteção. Guilherme envolveu-a nos seus braços.
E ele, que ainda
tinha uma réstia de esperança, esta acabou por se desvanecer. Ela esquecera-o.
Chegara tarde demais. Ela já tinha um novo rapaz na sua vida. Voltou-se para se
ir embora. Olhou uma última vez para eles. Correu-lhe uma lágrima pela face. E
então, foi embora.
"Chegando-se um pouco para a frente beijou-o."