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domingo, 15 de janeiro de 2012

Little Love, IV

  Passados quase dois anos:

  Estava ela a passear quando de repente alguém a chama. Virando-se para trás viu um rapaz alto, moreno com cabelo um pouco encaracolado. “Sinto que o conheço… Quem será?” pensou ela. Ele atravessou a estrada a correr parando à sua frente.
  - Lembras-te de mim? – perguntou ele.
  - Tu… Claro que me lembro! – sorriu e abraçou-o – Como me poderia esquecer de ti? Fogo, há quanto tempo!
  - Não sei… Nunca mais disseste nada, pensei que já não te lembrasses de mim. Então mas estás boa?
  Ela afastou-se para podê-lo olhar nos olhos. O sorriso que tão depressa aparecera, havia sido trocado por lágrimas.
  - Como és capaz de dizer isso? Foste tu quem não me mandou mensagem, foste tu quem não respondeu aos meus telefonemas. Como tens o descaramento de me dizer que nunca mais te disse nada?
  Ele virou a cara. Por mais que todos os dias negasse a si próprio que a culpa de estarem assim tão distantes era dele, ele sabia que era verdade, que a culpa era dele, e dito da boca dela ainda o deixava mais em baixo.
  - Eu sei o que fiz, e juro que estou super arrependido, mas percebe que na altura pensei que fosse o melhor, pensava que já não necessitava de ti, que já não ia sentir a tua falta, mas enganei-me compreendes?
  - Como me podes pedir que compreenda? Sabes o quão mal andei, ou pensas que foi fácil para mim como parece ter sido para ti?
  - Não, não foi fácil e não acredito que o tenha sido para ti, mas depois também não me ligaste mais nem mandaste mais mensagens. Pensei que tivesse perdido o valor para ti, desculpa.
  Foi a vez de ela virar a cara. Limpando as lágrimas, ganhou uma nova força para o confrontar.
  - Se calhar teria sido melhor se tivesses perdido o teu valor para mim, assim não tinha estado a sofrer desnecessariamente. Consegues ser um grande cretino tu. E sabes o que não compreendo no meio disto tudo? – Houve um momento de silêncio – Não compreendo como pude gostar de ti. Devia ter visto que sempre foste como todos os outros que me abandonaram. Cai no erro de pensar que eras diferente, mas héy, as pessoas enganam-se né?
  Não aguentando mais, ela virou-se e foi-se embora deixando-o a reflectir sobre tudo o que ela dissera. “Ela gostou de mim? Por que não me disse? Tudo poderia ter sido diferente. Mas agora já não há volta a dar…” pensou ele, e começou a chorar. Olhou para baixo e viu uma poça de água criada pela chuva da noite anterior. Limpou as lágrimas e gritou:
  - SABES, PODES IR-TE EMBORA, MAS PROMETO-TE QUE TE VOU FAZER MUDAR DE IDEIAS, E SABES PORQUÊ? PORQUE EU AINDA TE AMO E NÃO VOU DESISTIR DE NÓS!
  Era escusado gritar, ela já se encontrava longe. Agora que finalmente a tinha visto passado tanto tempo, tão depressa a teve nos seus braços, como a deixou fugir.
  E ela já longe, sentou-se ouvindo as palavras dele. Olhou para trás e levantou-se, mas já era tarde demais, ele já se estava a ir embora.


"Era escusado gritar, ela já se encontrava longe (...) sentou-se ouvindo as palavras dele."