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quinta-feira, 7 de junho de 2012

Little Love, IX


  “Quero gritar.
  Quero gritar bem alto o teu nome. Pode ser que assim voltes.
  Mas eu sei que não. Sei que por mais que eu grite não voltarás. Sei que não poderei mais sentir o teu abraço e os teus lábios, ouvir a tua voz e as tuas gargalhadas, ver o teu sorriso e o teu olhar. Sei que não poderei reaver nada disso. Mas sinto-me bem a gritar por ti. Faz-me sentir que assim não te esquecerei pois não o quero fazer. Sei que te deixei ir, por mais que o negue, sei que deixei. Quando te vi partir, não corri atrás de ti, não tentei parar-te, não tentei fazer com que ficasses comigo. Fiquei sem reação pensando que nada do que estava a acontecer era a realidade, que não passava tudo de um sonho do qual quando acordasse e olhasse para o lado te veria a partilhar o travesseiro comigo. Nada disso aconteceu. Apercebi-me que a realidade é que te foste embora, sem mim. Depois de todas as promessas que fizemos um ao outro, partiste e deixaste-me aqui. Procurei-te, juro que procurei. E quando finalmente te encontrei, vi que já me substituíras. Não te culpo. O parvo fui eu em ter-te deixado partir. Quero que saibas apenas que sempre te quis comigo, sempre. Mas seguiste em frente, e também terei de o fazer porque sei que é o melhor não só para mim mas como também para ti.
  Já que eu não o consegui, espero que ele te faça feliz, pois tu merece-lo mais que ninguém.”

  Quando ela acabou de ler a carta ficou estupefacta. Seria mesmo dele?
  Passara um mês desde que estivera com Guilherme na praia. Passara um mês desde que pensara que o esquecera de vez.
  Guilherme fizera-a feliz de todas as formas possíveis. Não a deixara quando ela mais precisara, ao contrário dele. Como podia ser capaz de lhe escrever depois do que lhe fizera? Pior que tudo, como podia pedir-lhe que fosse feliz sem ele? Ainda por cima nem o havia pedido pessoalmente. Não, não iria ser assim tão simples. Ela iria falar com ele e confrontá-lo com tudo o que tinha.
  “Quer queiras quer não, vais ouvir-me até ao fim e ainda vais ver que não fui eu que te abandonei mas sim tu que me mandaste embora.”

"Sei que não poderei mais (...) ver o teu sorriso e o teu olhar."