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domingo, 23 de dezembro de 2012

Cartas Para Um Desconhecido, III



    Querido desconhecido, 


  Preciso de ti mais do que nunca, e por mais estranho que pareça, não no sentido que estás a pensar. Não, preciso de um amigo, de um grande amigo, alguém em quem possa confiar sabendo que não me irá desiludir pois ultimamente o que mais apanho são desilusões. Por isso peço-te que gastes, não mais do que dois minutos, comigo e com os meus sempre pequenos mas grandes problemas.
  Não estou bem, como sempre. Quando penso que finalmente algo do que eu faça irá sair direito há sempre um problema, e esta vez não é exceção. Imagina tu que eu finalmente decidi seguir em frente. Pois é, a menina que tu conheces-te que não conseguia pensar noutra pessoa a não ser em ti desapareceu, ou pelo menos aparentava isso pois aqui estou eu mais uma vez a escrever para ti sem qualquer sentido nas palavras. Não te preocupes porque, pela primeira vez, o culpado de eu estar neste estado não foste tu nem nós. Comecei a falar com um rapaz, um rapaz que em tempos fora alguém na minha vida. Houve uma altura em que perdemos o contacto de tal maneira que quando recomeçamos a falar não nos lembrávamos de nada do que havia acontecido entre nós. Como a tola apaixonada que sou deixei-me ir na conversa dele. Precisava há já algum tempo de conforto, segurança e estabilidade, e ele deu-me tudo isso e muito mais, sem nada me pedir em troca. Achei estranho, mas quis arriscar. Não imaginas o quão bem ele me tratou, o carinho que me deu e a segurança que me transmitiu. As carícias dele passaram a ser a minha perdição, o seu perfume o meu aroma preferido e a sua voz a mais doce de todas e vê tu que nem precisei que ele me beijasse para que sentisse todo este misto de emoções. Pela primeira vez senti-me bem desde ti.

  E agora perguntas-te tu "Então por que estás tu mal?", e é depois de toda esta felicidade que ele me deu que surgiu algo. Sempre soube que havia alguém melhor que eu à espera da melhor oportunidade para o fazer perceber isso e essa altura acabou por chegar.
  E agora onde fico eu? Eu que era a pessoa a quem ele chamava de rainha com a maior das sinceridades e um grande orgulho? Eu que era a pessoa a quem ele pedia para ver e ouvir todas as noites? Eu, essa rapariga que conseguiu encontrar novamente um caminho para a felicidade, juntei apenas mais uma desilusão para o baralho das cartas.
  Obrigada por me escutares, obrigada por ainda estares comigo, porque apesar de tudo eu continuarei sempre contigo.


Com amor, Marta.