A esperança
começa a desvanecer-se.
Olho à minha
volta e tudo parece nublado e incerto. Vejo tudo desfocado devido às lágrimas
que não param de cair há já uma semana. Era óbvio que não iria ser fácil, eu
estava mentalizada disso, mas pensava que não fosse assim tão difícil visto que
a culpa de tudo isto era de Filipe e só de Filipe.
Dou um salto
assim que ouço o telemóvel tocar e só aí percebo o quão perdida estava nos meus
pensamentos. Corro para ele.
- Estou?
- Então linda, estás melhor?
- Para dizer a
verdade, não, não estou…
- Sabes do que estás a precisar? De ir às
compras! Estou em tua casa dentro de 15 minutos.
- Mas Helena, não
que…
Desligou.
Desde que eu e
Filipe termináramos Helena tem-me ligado todos os dias, sem exceção, e por mais
vezes que eu lhe diga que está a ser uma chata, Helena nunca desiste de me
tentar animar pois ela bem sabe que o digo apenas por brincadeira.
Decidi alinhar na
ida ao centro comercial, decerto que mal não faria. Vesti rapidamente um
vestido, penteei-me, lavei a cara e os dentes e saí.
- Então sua
maluca, ainda não tiras-te o outro da cabeça?
- Até parece que
é fácil…
- Amiga, não
gosto que estejas assim, por isso sim, tem que ser fácil!
- Agora não
importa, vamos andando antes que mude de ideias.
Apanhámos o
autocarro. Fomos toda a viagem a rir e a fazer palhaçadas, e por momentos senti
que nada se havia passado. É então, no momento em que entramos no centro
comercial, que tudo volta a estar como estava.
- Olá Maria…
FILIPE? AQUI?
HOJE? Mas ele nunca cá vem, porque teria de vir logo hoje?
- Como és capaz
de lhe dirigir a palavra? Sinceramente não sei, és tão ridículo.
- Calma Helena,
acho que não cheguei a falar contigo.
- Nem eu quero
que fales, seu tarado!
- HELENA!
Obrigada por tentares animar-me mas de nada serviu como podes ver. Vou-me
embora, é o melhor. Filipe, se faz favor, não voltes a cumprimentar-me, em
nenhuma ocasião, sim?
Calmamente,
virei-me e fui embora. Não ia chorar em frente dele, por isso tinha de me afastar
o mais depressa possível.
- Maria? – Chamou
alguém algo desesperado.
Limpando as
lágrimas, olhei em redor à procura de quem me havia chamado, não querendo acreditar
em quem era quando finalmente o avistei.
"Olho à minha volta e tudo parece nublado e incerto. Vejo tudo desfocado devido às lágrimas que não param de cair há já uma semana."