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terça-feira, 25 de junho de 2013

Cartas Para Um Desconhecido, IV



    Querido desconhecido, 


  Geralmente escrevo-te quando me sinto mal, escrevo para que me seja possível passar todas as mágoas que sinto dentro de mim, e que quase me fazem explodir, para um simples pedaço de papel.
  Realmente gosto do que faço, gosto do jeito de como no final, todas as minhas mágoas passam a ser também as mágoas das pessoas que as lêem, gosto do modo como os meus lamentos conseguem tornar-se mais agradáveis dependendo do modo como os descrevo. Sei que também tu gostas pois o que mais fazes é elogiar a minha escrita e a forma como a consigo adaptar a cada situação. Mas por que razão estou a escrever-te se me sinto bem?
  Como sabes sou uma pessoa demasiado perfeccionista, e talvez por isso me sinta muitas vezes mal, porque para me sentir bem preciso que esteja mesmo tudo bem, tudo como eu quero para que me sinta realmente satisfeita e tu sabes disso, tu sabes de tudo.
  Tenho saudades tuas, do teu abraço, do teu perfume, do teu sorriso. Tenho saudades de te ter por perto a dizer-me que tudo correrá bem, que eu sou a mulher mais forte que tu já conheceste e que por vezes também os “fortes” precisam de chorar. Talvez seja por isso que te estou a escrever… Por sentir tanto a tua falta. Pensava eu estar bem quando o que me faz melhor não está comigo. Deixei-me iludir pela falta de problemas e pela felicidade, que como já reparaste, não é real.
  Enfim, estou “destreinada”, já não consigo falar contigo tão abertamente colocando ao mesmo tempo beleza nas palavras da mesma maneira que fizera anteriormente. Já não sei como escrever, como fazer as pessoas se identificarem comigo. Talvez já não seja isso que faço de melhor... Apenas sei que estás comigo, não fisicamente, mas psicologicamente, e isso é algo que nunca esquecerei.

  Eu por ti, tu por mim. Obrigada.



Com amor, Marta.