Querido desconhecido,
Geralmente escrevo-te quando me sinto mal,
escrevo para que me seja possível passar todas as mágoas que sinto dentro de
mim, e que quase me fazem explodir, para um simples pedaço de papel.
Realmente gosto do que faço, gosto do jeito
de como no final, todas as minhas mágoas passam a ser também as mágoas das
pessoas que as lêem, gosto do modo como os meus lamentos conseguem tornar-se
mais agradáveis dependendo do modo como os descrevo. Sei que também tu gostas
pois o que mais fazes é elogiar a minha escrita e a forma como a consigo
adaptar a cada situação. Mas por que razão estou a escrever-te se me sinto bem?
Como sabes sou uma pessoa demasiado perfeccionista,
e talvez por isso me sinta muitas vezes mal, porque para me sentir bem preciso
que esteja mesmo tudo bem, tudo como eu quero para que me sinta realmente
satisfeita e tu sabes disso, tu sabes de tudo.
Tenho saudades tuas, do teu abraço, do teu
perfume, do teu sorriso. Tenho saudades de te ter por perto a dizer-me que tudo
correrá bem, que eu sou a mulher mais forte que tu já conheceste e que por
vezes também os “fortes” precisam de chorar. Talvez seja por isso que te estou
a escrever… Por sentir tanto a tua falta. Pensava eu estar bem quando o que me
faz melhor não está comigo. Deixei-me iludir pela falta de problemas e pela
felicidade, que como já reparaste, não é real.
Enfim, estou “destreinada”, já não consigo
falar contigo tão abertamente colocando ao mesmo tempo beleza nas palavras da
mesma maneira que fizera anteriormente. Já não sei como escrever, como fazer as
pessoas se identificarem comigo. Talvez já não seja isso que faço de melhor... Apenas sei que estás comigo, não fisicamente, mas
psicologicamente, e isso é algo que nunca esquecerei.
Eu por ti, tu por mim. Obrigada.
Com amor, Marta.