Ele disse que a adorava. Ela disse-lhe o mesmo. Ele disse que a queria. Ela disse-lhe o mesmo.
- Porque me dizes apenas o que te digo? - perguntou ele.
- Porque tudo o que dizes é o que eu penso e sinto. Todas as tuas palavras são as minhas – respondeu-lhe ela.
Abraçando-a, prometeu-lhe que nunca a iria deixar, acontecesse o que acontecesse, dissessem o que dissessem, ele nunca a iria deixar. Estavam a despedir-se. Quando esta lhe respondeu àquela promessa, a sua voz era fraca e receosa.
- Não digas isso. O que prometes hoje, amanhã será esquecido, apagado da tua mente com uma facilidade que nem tu serás capaz de perceber. Aproveita e relembra sempre este dia, estas horas, estes minutos, estes segundos, pois poderão ser os últimos.
- Porque dizes isso? Não sabes o que sentes? Não sabes o que queres?
Ela baixou a cabeça. Não o conseguia olhar nos olhos, não o conseguia confrontar com o que sentia dentro de si. A necessidade de se expressar era imensa mas a coragem faltava-lhe. Sentia que sempre que estava prestes a dizer o que queria, soluçava de maneira descontrolada.
- Sabes, não aguento isto. A cada dia que passa vais ficando cada vez mais reservada. Já não confias em mim? Já não sou nada para ti? Ou isto é tudo porque te vais embora e sabes que me vais esquecer? – ele estava mais que zangado, estava desiludido.
A amizade deles estava a desaparecer na mente dela. O que ela lhe queria dizer não era aquilo, não era aquilo que ela queria que ele pensasse. Queria algo mais que uma grande amizade, algo mais significativo, mais intimo. Não queria mais uma relação em que apenas confiassem um no outro e que se vissem apenas quando necessário. Queria algo mais. Estava incompleta. Sentia que apenas nele encontrava conforto e a ajuda de que necessitava. Nele encontrava o desejo que sentia. Necessitava de o beijar. Necessitava de dizer que o amava.
- Eu amo-te – gritou ela.
- Então porque disseste que o que sinto poderá ser apagado?
- Porquê? Porque sei que gostas de uma rapariga que ainda nem o seu nome me disseste. Porque sei que me vou mudar e que não te vou levar comigo. Porque sei que vais ser feliz, sem mim – respondeu-lhe ela com uma lágrima correndo dos seus olhos, agora vermelhos, sendo rapidamente empurrada para fora da sua face pelo seu punho enrolado na sua blusa.
Ele abraçou-a novamente, e quando a afastou, depositou um suave beijo na sua testa.
- Como consegues ser assim? Nem quando te enches de raiva consigo zangar-me contigo. Tal como tu precisas de mim, preciso eu de ti. – fez uma breve pausa para conseguir encontrar a coragem que de repente voltou – A rapariga que eu gosto és tu e somente tu, e se eu te prometo que não te deixo, é porque não deixo, nem que para isso tenha que abdicar de tudo o resto. A única pessoa que me prende aqui és tu, e quando tu fores também eu irei, porque te amo.
E beijou-a.
"(...) e quando tu fores também eu irei, porque te amo."