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domingo, 12 de agosto de 2012

Little Love, XI


  Ela parou o beijo.
  Nada daquilo estava correto. Sentia-se como se tivesse acabado de trair Guilherme, e o pior é que ela tinha gostado do beijo, ela desejara aquele doce e carinhoso beijo.
  - Que se passa? Porque paraste? – Ele estava confuso. Depois do que tinham estado a “discutir” ela parara o beijo. “Será que me precipitei?”. Não, ela quisera aquele beijo, ele sabia-o.
  - Não percebes? Eu estou com o Guilherme. Não lhe posso fazer isto, não depois de tudo o que ele fez por mim.
  - Mas tu amas-me a mim, não a ele. Não podes recusar dessa maneira os teus sentimentos. Não podes recusar-me dessa maneira.
  Não conseguia respirar. “Acalma-te. Inspira, expira. Inspira, expira. Vá lá, sê forte, não te desfaças agora!”
  Ele olhava desconfiado para ela, ao ver a sua hesitação perante a situação.
  - Não posso, desculpa. – E saiu a correr de casa dele.
  Ela sabia que a sua reação não fora a melhor, mas não sabia que fazer. Ia agora mesmo falar com Guilherme e contar-lhe o que se passara, esclarecer tudo. “Acabar com ele, queres tu dizer.” Tinha de ser. Ele não merecia ser enganado.
...

  Ficara admirado com a reação dela. Ela não era do tipo de pessoa que fugia dos “problemas” se é que assim se podia chamar ao que eles sentiam um pelo outro. Não sabia onde ela tinha ido, e apenas não a seguira porque pensara que ela precisasse de espaço.
  - Agora que sei que sentes o mesmo que eu sinto por ti, acredita que farei de tudo para te conquistar minha princesa.
  Pegou na foto que mantinha guardada na sua carteira ano após ano. Traçou os contornos do rosto da rapariga com os dedos depositando de seguida um beijo numa das suas faces. Sim, ele amava-a mais do que qualquer pessoa poderia sequer imaginar.
  Ligou o computador. A sua imagem de fundo era uma foto deles os dois com apenas 7 anos, de mãos dadas. O que mais o comovia nessa foto eram os olhares que já em criança trocavam sem se aperceberem. Olhares apaixonados. Sem se conseguir conter mais, deixou que as lágrimas que “guardara” durante todo este tempo escorressem finalmente, e pela primeira vez, não sentiu vergonha de chorar, afinal, os homens também têm sentimentos.

"O que mais o comovia nessa foto eram os olhares que já em criança trocavam sem se aperceberem. Olhares apaixonados."